quinta-feira, 27 de maio de 2010

Olhar a vida!

Nas últimas semanas, tenho acompanhando a luta de um velho amigo contra as conseqüências de um AVC que o mandou para a CTI de um hospital no mês passado. Algumas cirurgias depois (e muito sofrimento) e esse meu amigo já está no quarto. Segue um processo de recuperação impressionante. Melhora e surpreende a cada dia, e dá sinais de que pode se recuperar plenamente do acidente. Ele, os amigos e a família estão mobilizados nesta recuperação.

Nessas horas, quando acontece um acidente desta gravidade com alguém da nossa família ou com alguém muito próximo a nós, é comum a gente repensar algumas coisas: conceitos, valores, credos, trabalho, família, amigos, etc. Nos damos conta de que a nossa vida é muito frágil e pode se acabar a qualquer momento, com muita facilidade. Nos damos conta de que estamos deixando de fazer muita coisa bacana em detrimento de outras que nos estressam e nos incomodam. Nos damos conta de que as coisas que mais deveríamos valorizar na vida não são priorizadas. Nos perguntamos se não temos que jogar tudo para o alto (emprego, chefe, carreira, incomodações, etc) e nos dedicarmos somente àquilo que gostamos enquanto ainda é tempo...

Não tem como não pensar assim. Quem passa por uma experiência dessas acaba mudando seu jeitão de olhar a vida. A maioria não muda só o jeito de olhar a vida, muda o jeito de viver.

Mas porque precisamos passar por uma experiência dessas para mudar nosso jeito de ver e viver a vida? Por que não podemos mudar sem ter que passar por um trauma desses? Será que não podemos fazer como fazemos com os nossos filhos quando eles são crianças, quando ensinamos que o fogo queima, que a água pode nos afogar e que é preciso olhar para os dois lados antes de atravessar a rua? Podemos nos ensinar algumas lições também. Lições de vida. Podemos, não?

Você imagina alguém gravemente enfermo se arrependendo de não ter trabalhado mais para ter comprado um carro melhor? Ou se arrependendo por não ter brigado mais com aquele vizinho chato que o incomodava bastante? Quem sabe se arrependendo de não ter discutido mais com a esposa por causa de... por causa de que mesmo? Claro que não. Nestas situações, as pessoas se arrependem do que não fizeram com relação aos filhos, às pessoas que amam e aos amigos. A gente se arrepende de ter deixado a família em segundo plano, privilegiando o trabalho, a gente se arrepende de não ter dedicado mais tempo aos filhos, a gente se arrepende de não ter se relacionado mais e mais intensamente com os amigos, a gente se arrepende por ter desperdiçado muitos dias sem falar com a esposa(o) por causa de uma briga por alguma bobagem qualquer.

Enfim, se sabemos de tudo isso, porque precisamos viver um trauma para passar a olhar a vida de maneira diferente? Por que não começamos JÁ a olhar a vida com outros olhos?

Vamos lá! Comece agora! Não é tão difícil assim... Experimenta!

E pode contar comigo!

Um abraço do Dr. I

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