quinta-feira, 29 de julho de 2010

Motivação no dia a dia

Não é fácil liderar pessoas. Não é fácil motivar as pessoas. O sucesso da liderança passa pela forma como um líder motiva seus liderados, principalmente no dia a dia. Motivar uma equipe de futebol num jogo de mata-mata, valendo a passagem para a próxima fase, é fácil. Difícil é motivar o time no jogo nº 26, de um total de 38 jogos. Motivar pessoas quando temos um desafio grandioso pela frente é relativamente fácil, mas e quando não temos este desafio grandioso? E quando o nosso trabalho é comum, nossa vida é comum e nosso dia a dia é comum? Quando tudo que temos é a mais pura rotina? Como é que se faz? Acho que posso dar algumas dicas sobre isso.

Primeira dica: As pessoas são muito diferentes entre si. Cada pessoa é única e especial. Não existe uma forma única e garantida de motivar as pessoas. Para cada pessoa, um jeito de motivar. Observar o comportamento da pessoa e, a partir dele, propor ações que a estimule é uma boa forma de começar. O próprio tratamento com as pessoas deve ser individualizado. Tratar todos da mesma forma não dá. Para uns o tapinha nas costas é estimulante, para outros é preciso abraçar e transmitir calor humano. Outros nem gostam de ser tocados. Descobrir e usar a forma certa de tratar é uma forma de motivar.

Segunda dica: Descobrindo se a pessoa gosta de realizar tarefas ou se gosta de correr atrás de metas. Dar tarefas para quem gosta de metas é muito desestimulante para quem as recebe. Dar metas desafiadoras para quem gosta de realizar tarefas vai deixar a pessoa desconfortável e até angustiada. De qualquer maneira, estabelecer pequenas metas por períodos curtos é uma boa opção para motivar um grupo de pessoas. Importante que todos participem deste processo. Envolver todos no estabelecimento das metas e comunicar sobre os resultados e sobre a evolução do negócio é uma excelente forma de motivação.

Terceira: Todas as pessoas têm necessidades. Descobrir estas necessidades de cada membro do grupo e trabalhar para atendê-las vai reforçar sua liderança e motivar seus liderados. Ninguém consegue trabalhar motivado se em casa está faltando gás, se está brigado com o marido, ou se um filho estiver doente. Ignorar os problemas e necessidades das pessoas não é a atitude certa para um líder. Sugiro sempre o envolvimento com as pessoas e o encaminhamento das suas necessidades como uma eficiente forma de motivação.

Quarta: Todos nós também temos aspirações pessoais. Estabelecer uma relação entre o trabalho e as conquistas pessoais que vem em conseqüência de um trabalho bem feito é muito motivador. Sair da cama diariamente, ir para o trabalho, passar a maior parte do dia ralando e convivendo com pessoas que muitas vezes você não gosta tem que ter um sentido. Este sentido tem que ser o da realização pessoal, ou através da conquista de coisas materiais (tangíveis), como a compra de um carro novo, por exemplo, ou através de coisas intangíveis, como uma promoção ou o reconhecimento dos colegas.

Não há uma forma única de motivação. Não há receita pronta para a motivação de pessoas. Tem que ir tentando, errando e acertando. Mas sempre fazendo.

Faça do seu jeito, mas faça!

Um abraço do Dr. I

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O discurso da Inovação

Cada vez mais se fala em inovação. Consultores Organizacionais e especialistas a todo momento reforçam que o importante hoje em dia é inovar, fazer diferente. Nas organizações, Diretores, Gestores e profissionais de RH tem o mesmo discurso. Eu mesmo seguidamente me pego recomendando que as pessoas pensem diferente e façam diferente, e biriri biriri... Tem-se a impressão que sem inovação não há salvação. Inovação é importante, mas não é tudo. Quando insistimos muito em inovação esquecemos um ponto mais importante do que a inovação: o fazer bem feito!!!

Está difícil de encontrar pessoas focadas em fazer as coisas bem feitas. Parece que isso nem é mais importante. Valorizamos tanto o novo, e não conseguimos fazer bem feito as coisas usuais. Precisamos muito de pessoas preocupadas em fazer as coisas bem feitas. Uma organização em que todos só se preocupam com a inovação será um caos, certamente não sobreviverá. É possível (bem possível) crescer fazendo as mesmas coisas de sempre, desde que se faça bem feito. Taí a Cláudia Leite que não me deixa mentir. Faz muito bem feito tudo aquilo que a Ivete Sangalo já vinha fazendo com o maior sucesso. Igualzinha. É um sucesso também!

A inovação provavelmente catapultará (boa essa, não?) os resultados da organização, e isso é muito bom. O comum bem feito fará a organização crescer de maneira mais lenta, mas provavelmente com mais consistência. E isso é muito bom também.

Pergunte a um cliente de uma operadora de celular ou cartão de crédito o que ele prefere: ser bem atendido por um gentil funcionário, no velho e bom contato pessoal, ou ser atendido por uma máquina modernérrima, com menus sofisticadíssimos e complexos menus? O que você escolhe? Se a resposta é tão óbvia, por que as empresas insistem em substituir as pessoas por máquinas? E seguem perdendo clientes... Ah, essa inovação...

Nos bancos a situação é parecida: os caras substituíram cinco pessoas que atendiam nos caixas por três pessoas que ficam na ante-sala do banco com a nobre missão de te convencer a não entrar lá, e investiram verdadeiras fortunas em equipamentos e softwares para tentar te manter fora da agência. Cada equipamento e sua manutenção custaram (e custam) bem mais do que custa um funcionário. Inovação! Não se fala noutra coisa...

Não sou contra a inovação, muito antes pelo contrário. Só acho que exageramos um pouco na dose quando colocamos a inovação quase como um elemento único de sucesso para as organizações e para os profissionais. Parece que se o profissional não apresentar uma inovação por semana ele estará defasado, e não terá mais futuro no mercado. Não é bem assim. Fazer bem feito tem que vir sempre antes da inovação.

Lembre-se, inovação é muito bom, mas fazer bem feito ainda é o mais importante.

Um abraço do Dr. I

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A seleção do Dunga, de novo

No inicio da copa do mundo eu escrevi um texto dizendo que concordava com a convocação que o Dunga tinha feito e via nela um caso exemplar de prática dos conceitos de liderança e trabalho em equipe. Pois agora, depois da desclassificação do Brasil, CONTINUO COM A MESMA OPINIÃO. Acho que o trabalho foi muito bem feito, muito bem conduzido e perdemos a classificação por aquelas coisas típicas do futebol, que fazem esse esporte ser tão apaixonante: o melhor goleiro do mundo falhou num momento que não poderia, as estrelas Kaká e Robinho sumiram do jogo num momento crucial, a seleção mais experiente até agora enviada para uma copa entrou em parafuso após tomar um gol, o Felipe Mello foi o expulso, mas poderia ter sido qualquer um, pois naquele momento do jogo, até o Robinho já tinha saído do seu normal...

O brasileiro tem memória curta mesmo. Não elegemos os mesmos políticos pilantras de sempre??? No futebol, achamos que é só colocar os “craques” pra jogar e tudo dará certo como num passe de mágica. Os oportunistas da hora lembram que a seleção de 70 venceu colocando todos os craques pra jogar, e jogaram bonito naquela copa. Esquecem que o futebol daquela época era em outro ritmo, e caras como Gerson ainda podiam jogar. Aliás, acho que EU também jogaria naquele time, naquela época. Os jogos do meu time de pelada hoje são bem mais “pegados” do que os daquela copa. Na pelada, quando eu pego a bola, já tem um marcador em cima. Em 70, o fumante e pouco esforçado Gerson (ele era o cara que levava vantagem em tudo, lembra?) atravessava o campo tranqüilo, sem marcação nenhuma, e podia pensar bastante no que fazer com a bola. Comparado aos dias de hoje, aquela copa foi jogada em “super câmera lenta”.

Mas os oportunistas da hora esquecem que a década de 70 marcou uma revolução no futebol. A preparação física foi aprimorada e se tornou fundamental no jogo. A velocidade do jogou mudou. Se uma equipe não estiver muito bem preparada fisicamente não conseguirá mais vencer um campeonato. As equipes ficaram mais equilibradas e os jogos passaram a ser decididos nos detalhes. Uma equipe com jogadores muito melhores que a outra não vence se não der o seu máximo. Não adianta mais só jogar bonito para vencer. De 74 pra cá, qual a seleção venceu jogando bonito??? Talvez a Argentina de 86, por causa do extra-classe Maradona, no auge de sua carreira... Em 82, perdemos jogando bonito, com o Júnior lançando o compacto (na época era um vinil pequeno) do “Voa Canarinho Voa” em plena copa (uma gandaia). Em 2006 perdemos com os 5 craques no time (os Ronaldos, Adriano, Kaká e Robinho), e uma badalação total, com a imprensa tietando e se esbaldando em bajulação aos boleiros.

Quando perdíamos as copas de 1974 a 1990, lembro que se dizia que tínhamos os melhores jogadores, mas não tínhamos a organização e a determinação dos europeus. De 1994 pra cá, vencemos duas copas exatamente com essa organização e determinação européia. Nas duas que perdemos, em 98 e 06, lembro que o ambiente era uma gandaia só. Atletas gravando comerciais e faturando durante a copa, atletas em noitadas nos dias de folga, a imprensa bajulando e enchendo o saco dos caras a todo momento, muito oba oba. Lembram??? Eu lembro...

O Dunga fez tudo certo. Convocou os certos, concentrou a seleção para que os atletas focassem o objetivo (qualquer líder de qualquer empresa faria isso), e trabalhou em equipe com deve fazer um verdadeiro líder. Esteve ao lado dos jogadores o tempo todo. Nenhum jogador até agora fez qualquer crítica ao Dunga. Pelo contrário, todos sempre elogiaram o seu líder. Falar agora é fácil. Dizer que Fulano ou Beltrano deveria ter sido convocado e/ou escalado é fácil quando a gente não tem nenhuma responsabilidade com o resultado.

Fazer tudo certo não é nem nunca foi garantia de vitória no futebol. Do outro lado tem outro time que também pode ter feito tudo certo... Se não deu pra ganhar desta vez, o “culpado” com certeza não foi o Dunga.

Esse blá blá blá todo após a derrota é mágoa de tiete de boleiro que não teve o seu queridinho convocado. Ou teorias de quem nunca esteve dentro de um campo de futebol jogando bola, de quem nunca disputou um campeonato na vida...

Ah, e pra não dizer que não falei de craques, duas coisinhas: será que os defensores do Ronaldinho Gaúcho na seleção não ficaram envergonhados com a pança que ele está ostentando nas praias cariocas nos últimos dias??? A julgar pela histeria com que alguns cronistas esportivos defenderam a convocação dos craques Neimar e do Ganço, será que o Santos já pode mandar fazer as faixas de Campeão Brasileiro???

O Dunga provavelmente nunca lerá este texto, mas que fique registrado que aqui tem um cara que apóia homens como ele, que tem fibra, princípios, cara limpa (feia, é verdade...), espírito vencedor, e que pratica a liderança a partir do seu exemplo e atitudes.

Um abraço do Dr. I

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Observando e aprendendo com a Gurizada

Nos últimos meses tenho trabalhado bastante com jovens. Quase todos os trabalhos que estou conduzindo ou que simplesmente estou participando fazem com que eu me relacione com uma turma bem jovem, na faixa dos vinte e poucos anos. E é muito legal trabalhar com esta “galera”. Os caras (guris e gurias) são cabeça-aberta, tem pouquíssima resistência a idéias novas, eles próprios têm muitas idéias novas que complementam ou melhoram uma outra idéia, criticam o que acham que tem que criticar, perguntam o que acham que tem que perguntar, sem medo de fazer uma pergunta que possa parecer idiota, aceitam desafios com a naturalidade da idade, nunca dizem “não dá pra fazer”, e vibram como se estivessem numa tarefa de gincana escolar. Ah, sem falar que aprendem e usam novas tecnologias com muita facilidade.

Gosto muito de trabalhar com jovens, de idade ou de espírito. Não que os jovens não tenham defeitos, e eles os têm, muitos, mas o jovem interessado e motivado é capaz de realizar coisas incríveis, mesmo que lhe falte conhecimento e experiência (óbvio, não?).

Gosto de aprender observando o comportamento dessa gurizada. Aprender como trabalhar em equipe de forma participativa e construtiva, aprender como dizer e ouvir certas coisas sem ficar melindrado ou deixar o outro constrangido, aprender a se comunicar de forma mais direta, sem rodeios, aprender a não avaliar nada com preconceito, aprender a não levar as coisas tão a sério, aprender a trabalhar com humor e alegria, aprender a descomplicar as coisas, aprender que, por mais tensa que tenha sido a reunião, boas gargalhadas serão dadas depois, relembrando os principais momentos, aprender que cada vez que não agimos ou pensamos como jovens estamos perdendo espaço no mercado de trabalho, aprender que uma jovem, que reúne as qualidades dos jovens e das mulheres num mesmo corpo, numa mesma cabeça, será a pessoa melhor preparada para o futuro, aprender que... Nossa!!! Tem tantas coisas para se aprender com os jovens.

O importante é que todas essas coisas que podemos aprender com os jovens, podemos também praticá-las, desde que também tenhamos um espírito jovem, independente da nossa idade. Se você já está com o espírito envelhecido, se pensa mais no trabalho que vai dar do que no resultado que vai ter, se tudo que você quer é que o mundo acabe em barranco para você morrer encostado, então você já está “morto” e não tem mais nada para aprender com a gurizada que está na área. E se não aprende, também não vai praticar nada, e já está ficando pra trás...

A juventude é uma fase especial da nossa vida, que pode ser prorrogada ilimitadamente se conseguirmos manter a mente aberta e arejada como a dos jovens, e se conseguirmos agir com a iniciativa e criatividade típicas da juventude. Como faz isso? Observa eles e aprende com eles.

Acho que estou conseguindo essa prorrogação... aos quarenta e poucos anos...

Um abraço do Dr. I