quinta-feira, 24 de março de 2011

Realidade e Sonhos

REALIDADE: Uma das maiores dificuldades que um diretor de organização enfrenta no seu dia-a-dia ocorre na hora de promover um profissional a condição de novo líder. Muitas dúvidas surgem neste momento, as principais são: Será que vai dar certo? Será que não perderei um ótimo operador e ganharei um mau líder? Será que o novo líder saberá liderar seus antigos colegas de departamento? E se não der certo, o que fazer? Demitir? Realocar o profissional? E a motivação, como fica? Será melhor fazer uma promoção ou contratar no mercado? Enfim, são angústias de quem precisa decidir se promove um profissional da casa ou se contrata alguém mais preparado no mercado. Promover internamente ou contratar externamente? Óh dúvida cruel!!!

Não há uma fórmula 100% eficaz para responder a estas questões. Depende de muita coisa. FAZER é sempre mais fácil do que FAZER FAZER. Liderar pessoas não é para qualquer um. Mas então, o que fazer para que uma promoção seja bem sucedida e todos fiquem felizes?

Em primeiro lugar, avaliar bem se a pessoa escolhida para a promoção tem aptidão para o novo cargo, se tem perfil de liderança, se já demonstrou em outras ocasiões ser capaz de liderar pessoas, etc, etc. Alguns testes e muita observação podem ajudar bastante nesta fase. Tudo isso ANTES da promoção. Em segundo lugar, APÓS a promoção, só há uma saída: CAPACITAÇÃO. A Organização deve investir na capacitação do novo líder. Se a Organização não fizer isso, o próprio profissional promovido deve investir na sua capacitação, considerando que cada um é responsável pela sua própria vida e pela sua própria capacitação.

SONHO: Observando as situações acima, já tendo passado por situações semelhantes e vendo isso acontecer diariamente nas organizações, motivei-me para realizar um antigo sonho: criar uma escola de capacitação. No final de fevereiro, juntamente com alguns profissionais que sonhavam o mesmo sonho que eu, lançamos em Porto Alegre a Escola de Gestão e Novos Líderes (www.novolider.com.br), uma escola que se propõe ser diferente, em conteúdo, metodologia e público-alvo.

No início de março lançamos o primeiro curso da nova Escola, o Curso de Formação de Gestores, em duas turmas, uma noturna e uma diurna. Mal começamos a comercialização e as turmas já estão quase lotadas, nos dando a certeza de que estamos no caminho certo, que a realização deste sonho vai ser um diferencial positivo para muitas pessoas. É um sonho transformando uma realidade.

E você, qual a sua realidade? Qual o seu sonho? Qual sonho você tem capaz de transformar uma realidade?

Eu sigo sonhando.

Um abraço do Dr. I

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Poços e Escadas: Uma lição de Liderança

O texto abaixo não é meu, é do Luciano Pires (www.lucianopires.com.br), que entre outras coisas é palestrante como eu, e conseguiu associar de forma genial uma situação de palestra com situações do dia-a-dia de um líder. Vale a pena ler.

Sempre que começo uma palestra examino a platéia à procura das pessoas que reagem com expressões de contentamento e de concordância com minhas palavras. Pessoas conectadas comigo, que servirão como minhas “escadas”. É nelas que repouso o olhar de quando em quando. Cada vez que troco olhares com uma “escada”, sinto que estou agradando a todos! Isso me energiza, dá segurança e faz com que a palestra ganhe energia e interatividade. Ao final, se uma escada vem me cumprimentar, eu conto que a usei e agradeço pela ajuda.

Mas sempre há os opostos das escadas, que eu chamo de “poços”: gente com expressão séria ou de enfado, que dá sinais explícitos de discordância. Gente que passa a impressão de não estar gostando do que está vendo e ouvindo. Também localizo os poços, para desviar o olhar. Dessa forma evito a impressão de que não estou agradando. Poços me deixam inseguro, desenergizam, tiram o tesão.

Uma vez, um senhor já com seus sessenta e tantos anos sentou lá no fundo do auditório lotado, quase no meio do corredor. Era impossível não vê-lo. Durante toda a palestra o “poção” permaneceu de cara feia, não riu das piadas, não expressou concordância, não fez nada. Só cara feia. Incomodou-me profundamente. Quase me dirigi a ele para perguntar qual era o problema. Foi bem complicado conduzir a palestra com o poço me secando. Ao final, quando as pessoas vieram conversar, cumprimentar e tirar fotos, percebi que o poço não havia ido embora, pelo contrário, estava ali parado, esperando. Ele se aproximou, estendeu a mão e, sério, disse:

- Quero agradecer por sua palestra. Foi uma das melhores que já assisti em minha vida. Era exatamente o que eu precisava ouvir!

Surpreso, agradeci. O ex-poço virou as costas e foi embora, deixando-me com sensação de idiota. Como é que eu não percebi que ele estava gostando?

Pois bem... Exportei esse conceito das “escadas e poços” para minha vida. Em todos os momentos precisamos de “escadas”, e muitas vezes, mesmo sem perceber, somos “poços”. Aprendi que líderes devem ter consciência da importância de seu papel como “escadas”, transmitindo a segurança, o entusiasmo e a vibração que motivam e energizam as pessoas. Líderes escadas são portos seguros. Nem precisam abrir a boca. Com um gesto, um olhar, um aceno positivo, incendeiam a gente. Líderes escadas sabem que os maiores beneficiados por suas atitudes construtivas serão eles mesmos, ao contaminar suas equipes com energia positiva. E é muito fácil reconhecer uma equipe que tem líderes escadas, não é?

Infelizmente nesta vida de palestrante e consultor, tenho encontrado muitos líderes iguais àquele senhor da minha palestra: aos olhos de seus liderados são poços simplesmente por não expressar sua satisfação.

Fique esperto então. Para ser um “líder escada” não basta ser escada. Tem que parecer escada.

Um abraço do Dr. I

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O Qualidólatra

Ronaldo era o Coordenador da Qualidade da sua empresa, só que ele levou tão à sério esse negócio de qualidade que ele virou um qualidólatra, um viciado em qualidade. E a coisa ficou tão feia que ele foi parar na Associação dos Qualidólatras Anônimos (AQA). O texto a seguir é o depoimento do Ronaldo na primeira reunião com os Qualidólatras Anônimos:

Oi! Meu nome é Ronaldo.
Eu sou um CQCO – um Coordenador da Qualidade Compulsivo Obsessivo – um Qualidólatra.
Eu cheguei no fundo do poço. A gente acha que nunca vai chegar lá, mas um dia a gente chega.
Eu comecei com coisas leves: 5S, CCQs, Ferramentas da Qualidade...
Nesta época eu cheguei até a comprar o Memory Jogger, aquele livreto com as ferramentas da qualidade. Praticamente uma bíblia da Qualidade. Virou meu livro de cabeceira...
Depois vieram os fluxogramas, a padronização de processos e os gráficos de dispersão e histogramas.
A coisa foi ficando mais e mais pesada, e quando eu me dei conta eu já estava fazendo Bussiness Plan, usando Budget e Balance Score Card...
Eu já não me controlava mais...
Eu percebi que a coisa tinha ficado fora de controle mesmo quando eu dei de presente de formatura para o meu filho um livro do Falconi. Formatura do jardim de infância...
E a coisa foi num crescendo e fugiu do meu controle. Lá em casa a minha esposa dizia que meu filho estava com problemas na escola e eu já queria fazer um Brainstorming e um Ishikawa.
Na empresa as pessoas me evitam. Meu colega diz que precisa de ajuda com uma tarefa e eu já recomendo um Pareto e um 5W1H.
Eu não consigo mais explicar nada se não tiver o auxílio de um Excel ou de um PowerPoint...
No happy hour, eu não conseguia mais me comunicar com as pessoas. Elas falavam português e eu falava qualitês.
Nem o garçom me entendia quando eu dizia que o colarinho do chopp estava Não Conforme, e que ele precisava fazer uma Auditoria no Processo do chopp...
Ninguém me entende!!!
Eu preciso parar!!!
Agora eu sei que o importante é não dar o primeiro giro do PDCA. Se não, depois vem o segundo, o terceiro, o quarto e aí a gente não pára mais.
Eu vou parar! Eu posso parar! Eu quero parar!
É por isso que eu estou aqui hoje.

Foi aplaudido com emoção por todos os presentes...

Um abraço do Dr. I