quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Quem não decide nunca erra

Esta semana foi muito desgastante para mim, pois fui exigido ao extremo em um processo decisório, e tive que recorrer a todos os ensinamentos e experiências pelas quais já passei para chegar a uma boa decisão. Não sei se consegui. Muitas pessoas dependiam desta decisão e muitos interesses estavam em jogo. Só o tempo me mostrará se acertei.

O processo decisório envolve uma série de nuances, muitas etapas e muita cabeça-fria. Muita razão e pouca emoção. Decisões tomadas por impulso normalmente são erradas e nos trazem ainda mais problemas. Quando se trata de decisões que afetam pessoas então, mais cuidados devemos ter até a posição final.

Sempre procuro trazer aqui no Blog situações e dicas práticas sobre os assuntos que abordo, que ajudem as pessoas nas suas necessidades. Muita teoria sobre este assunto – processo decisório – pode ser encontrada nos livros e na internet, mas isso não resolve nem ajuda muito nas questões práticas do dia a dia das pessoas.

Na prática, podemos tomar algumas medidas importantes e bem simples que vão minimizar o risco de tomarmos uma decisão errada: Ouvir as pessoas envolvidas, se aconselhar com pessoas mais experientes e centradas, mesmo que não envolvidas no processo, procurar ser o mais imparcial possível (isso é bem difícil, em função de nossa formação e preconceitos), ser o mais transparente possível com as pessoas envolvidas, imaginar tudo que pode acontecer em todas as opções de decisão, ponderar em dobro as opiniões mais radicais, para um lado ou para o outro, calcular os custos diretos e indiretos de cada opção de decisão, avaliar se a decisão é justa e benéfica para os interessados, avaliar se a decisão vai fazer justiça na medida exata, e por fim, avaliar a repercussão e os desdobramentos que a decisão vai ter. A etapa final do processo é amadurecer uma convicção sobre o que foi decidido. Não acelere e muito menos atropele o processo se não for estritamente necessário. Dê o tempo certo para todas as etapas.

Firmou convicção? Manda bala!!!

Um erro muito comum que alguns líderes cometem é tentar agradar a todos. Por sinal, o melhor caminho para desagradar a todos é justamente tentar agradar a todos. Na prática, isso é impossível. Não tente fazer. Já foi tentado e, acredite, não dá certo.

Mesmo com todos os cuidados citados acima, ainda assim corremos o risco de errar. Só não erra quem não decide, quem não assume a responsabilidade da decisão.

Tem outra dica prática sobre este assunto? Deixa tua sugestão aí nos comentários e me ajude a enriquecer ainda mais este tema.

Um abraço do Dr. I

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Por trás do vidro preto

Apesar de tentar ser sempre gentil e educado na direção do meu carro, dia desses fui criticado por um amigo porque não fui gentil com ele no trânsito. Ele estava com seu carro tentando entrar numa avenida que estava com trânsito lento, ele me viu vindo lento nesta avenida, pediu passagem e eu não lhe dei chance de entrar. Segundo ele, foi uma grosseria. Tentei lembrar do momento, mas não consegui. Aí lhe perguntei como era o seu carro. Ele me descreveu o carro e o “ponto-chave” que me levou a não lhe dar a passagem: seu carro tinha vidros escuros.

Como é que eu vou reconhecer uma pessoa se ela se esconde atrás de um vidro escuro? Impossível. Eu não sou gentil e educado com máquinas, mas eu sou educado e gentil com pessoas. No trânsito, eu não dou passagem para os carros, eu dou passagem para as pessoas que dirigem os carros. Um carro com vidros pretos para mim é apenas uma máquina, mais nada. Não preciso ser gentil com máquinas. Gosto de ver as pessoas dirigindo os carros. Gosto de sorrir para as pessoas ao lhes dar a passagem Gosto que as pessoas sorriem para mim no trânsito, estando em outro carro ou como pedestres que passam pelo meu caminho.

Esta neura de segurança fez as pessoas colocarem filme escuro nos seus carros e, com isso, se esconder dentro de suas máquinas. Não posso reconhecer quem eu não enxergo. Não posso dar passagem para um carro que eu não sei quem está dirigindo e que eu não enxergo se o motorista está me olhando ou não. Para que eu conceda uma preferência no trânsito, não precisa colocar o bico do carro na frente do meu, obstruindo parte da minha passagem. Aliás, isso me irrita profundamente, me faz parecer alguém tentando levar uma vantagem sobre mim. Para que eu conceda uma preferência no trânsito basta me olhar, sorrir e fazer um pequeno gesto com o dedo ou com a cabeça. Mas não adianta fazer isso atrás de um vidro preto, que eu não vou enxergar.

Quem se esconde atrás do vidro preto do seu carro se isola do mundo, coloca uma barreira entre si e os outros. Em troca de uma questionável sensação de segurança, abre mão de um saudável relacionamento com as pessoas que cruzam seu caminho, seja em outro carro ou a pé. Torna totalmente impessoal os possíveis encontros no trânsito. Aí não adianta reclamar que não foi visto, ou que o trânsito está cada vez mais estressante. Pague o preço e não reclame.

Gosto de vidros transparentes. Gosto de ver as pessoas e com elas me relacionar, mesmo que seja por um ínfimo instante. Fazer uma pequena gentileza no trânsito me faz bem, mas apenas se for para outra pessoa, não para uma máquina.

Gentilezas para uma máquina ainda não estou fazendo. Nunca farei.

Um abraço do Dr. I

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O futebolzinho de sábado e a vida

Se domingo é dia de assistir futebol, sábado é dia de jogar futebol. Faço parte daquele grupo de homens que tem como compromisso sagrado dos sábados o futebolzinho com os amigos. Esse “futebolzinho” aí foi escrito no diminutivo apenas como uma forma carinhosa de tratamento, pois o negócio é praticamente profissional: jogos entre equipes absolutamente organizadas, jogadores bem uniformizados, campos bem gramados, bolas novas, arbitragem e tudo o mais necessário para o grande jogo, seja um amistoso ou jogo de campeonato. Faço parte de uma categoria de peladeiros que pode ser definida como “Peladeiros Profissionais”. Gostamos de tudo muito bem organizado, e organizamos tudo. Temos de tudo! Na maioria dos casos o que falta mesmo é só o futebol... mero detalhe...

Mas o futebolzinho de sábado nos proporciona um campo de observação incrível sobre as pessoas, de como as pessoas são no futebolzinho e na vida. Via de regra, dá pra saber como é a vida do cara observando seu comportamento na pelada.

Por exemplo, tem o cara que vai no lugar errado porque não leu com atenção os TRÊS e-mails enviados durante a semana com os detalhes do jogo. Tem o cara que liga minutos antes do jogo perguntando “onde é mesmo o jogo? Que horas começa?”. Tem o cara que esquece a chuteira!?!? Coisa normal, né, afinal, o cara vai só jogar bola e a chuteira não parece ser assim uma coisa tão importante... Tem aquele que está sempre se esquivando para não pagar o jogo ou a mensalidade. Tem aquele que chega sempre em cima da hora e sai correndo apressado assim que termina o jogo. Tem aquele que se acha sempre perseguido pelas arbitragens, reclama de todas as marcações o tempo todo. Tem aquele que acha que o adversário é um inimigo feroz que precisa ser exterminado, e dê-lhe pontapés.

Aí você vai ver a vida dos caras fora do futebolzinho e vê que é a mesma coisa. O cara que é todo enrolado no futebolzinho é todo enrolado na vida. O cara que vai no campo errado porque não leu os e-mails com atenção faz a mesma coisa com os compromissos profissionais. O cara que se acha perseguido pelas arbitragens no campo é o mesmo que se acha perseguido pelo chefe no trabalho. Não adianta, ele se acha perseguido e pronto! Nada que se diga ou faça vai mudar isso na cabeça do cara. O cara que é apressado com o futebol (chega e sai rápido) é híper-apressado com todas as demais coisas da sua vida. O cara que se esquiva do pagamento do jogo é o mesmo que tenta levar vantagem em outras situações na sua vida. O cara que é um “mala” no futebolzinho certamente é um “container” nos outros momentos.

Enfim, a gente é o que é em todas as circunstâncias da vida. O futebolzinho é só mais uma vitrine onde expomos nosso jeito de ser e de encarar a vida. Se os profissionais de RH pudessem acompanhar o candidato a uma vaga de trabalho durante todas as etapas de uma pelada de sábado, essas observações certamente seriam decisivas no processo seletivo.

A minha dica final é: desempregados do futebolzinho de sábado, comportem-se! Pode ser que um recrutador esteja te observando.

Um abraço do Dr. I