terça-feira, 8 de junho de 2010

Tacotico ou tacoteco?

O texto desta semana não é meu, é do Luciano Pires (www.lucianopires.com.br), um cara fantástico que escreve coisas que eu gostaria de ter escrito. Este texto é uma delas.

“Toda empresa começa incompetente. E isso é natural. Tudo é novo, normalmente não existem recursos suficientes ou corretamente alocados, as pessoas ainda não se familiarizaram com as tarefas, etc. Nesse cenário é comum que ocorram erros e é a partir deles, com aquela coisa maravilhosa chamada "aprendizado", que as empresas vão evoluindo para a competência e o sucesso.
Mas algumas empresas não aprendem. Não adianta crescer, não adianta contratar mais gente, fazer mais investimentos ou veicular aquelas propagandas maravilhosas. Elas sofrem do Tico: Transtorno da Incompetência Compulsiva Obsessiva.
Sabe aquela oficina mecânica do seu bairro? Está com o Tico. Aquela empresa de manutenção de piscinas? Ta com o Tico. Aquela outra de aquecimento solar? Ta co Tico. Ou aquela de telefonia celular? Tacotico.
O Transtorno da Incompetência Compulsiva Obsessiva anula a capacidade de aprender com os erros, de enxergar em meio às incertezas, de pensar em longo prazo ou até mesmo de priorizar valores morais. Essas empresas podem até ganhar dinheiro num contexto de falta de concorrência, mas estão sempre em risco.
Já as empresas com capacidade de aprendizado conseguem livrar-se do Tico e crescem saudáveis. Navegam bem sucedidas por uma região que chamo de "área de competência". Fazem direitinho o que delas se espera, melhoram com o tempo, adotam novos procedimentos e ganham a nossa confiança. Até que um dia crescem. Bas-tan-te. Tornam-se grandes corporações milionárias e poderosas. Esse gigantismo torna praticamente impossível controlar no detalhe os processos fundamentais da empresa. É gente demais, burocracia demais, excessivo foco nos resultados de curto prazo e no corte de custos. Os dirigentes então começam a buscar métodos para comandar e controlar as coisas. Geralmente contratam consultorias com nomes pomposos e powerpoints ininteligíveis. E dá-lhe ISO, QS, TS, 6 Sigma e todos os processos de certificação de qualidade e métodos infalíveis de controle gerencial. A estrutura para controlar esses processos se agiganta. Mapeamentos criam milhões de procedimentos-p adrão, tudo embalado no discurso da "busca pela excelência". Empolgados com os resultados iniciais - invariavelmente positivos - os dirigentes dão cada vez mais poder aos controladores de processos. É quando surge o Teco: Transtorno da Excelência Compulsiva Obsessiva.
Por exemplo, como é que depois de 20 anos de bilionários investimentos em qualidade, aquela montadora tem tantos "recalls"? Está com o Teco. Por que quanto mais moderna a tecnologia, piores ficam os serviços da operadora de telefonia celular? Tá com o Teco. Por que tenho que vigiar o extrato do banco onde tenho aquela conta plus-master-prime-picasso à procura de lançamentos errados, malandragens e "gentilezas"? Tá co Teco. Por que continuo apertado dentro de aviões cada vez mais modernos nas tais linhas aéreas inteligentes? Tacoteco.
O Transtorno da Excelência Compulsiva Obsessiva torna as pessoas cegas para custos que não aparecem nas planilhas das reuniões de resultados: fim da capacidade de inovar, falta de iniciativa, demora na tomada de decisão, fuga das responsabilidades, insensibilidade para valores intangíveis.
Empresas que sofrem de TECO ficam... incompetentes!
Vou retornar a esse tema, O Tico e o Teco rendem...
Enquanto isso vá refletindo aí. Sua empresa tacotico ou tacoteco?”

Um abraço do Dr. I

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