quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O futebolzinho de sábado e a vida

Se domingo é dia de assistir futebol, sábado é dia de jogar futebol. Faço parte daquele grupo de homens que tem como compromisso sagrado dos sábados o futebolzinho com os amigos. Esse “futebolzinho” aí foi escrito no diminutivo apenas como uma forma carinhosa de tratamento, pois o negócio é praticamente profissional: jogos entre equipes absolutamente organizadas, jogadores bem uniformizados, campos bem gramados, bolas novas, arbitragem e tudo o mais necessário para o grande jogo, seja um amistoso ou jogo de campeonato. Faço parte de uma categoria de peladeiros que pode ser definida como “Peladeiros Profissionais”. Gostamos de tudo muito bem organizado, e organizamos tudo. Temos de tudo! Na maioria dos casos o que falta mesmo é só o futebol... mero detalhe...

Mas o futebolzinho de sábado nos proporciona um campo de observação incrível sobre as pessoas, de como as pessoas são no futebolzinho e na vida. Via de regra, dá pra saber como é a vida do cara observando seu comportamento na pelada.

Por exemplo, tem o cara que vai no lugar errado porque não leu com atenção os TRÊS e-mails enviados durante a semana com os detalhes do jogo. Tem o cara que liga minutos antes do jogo perguntando “onde é mesmo o jogo? Que horas começa?”. Tem o cara que esquece a chuteira!?!? Coisa normal, né, afinal, o cara vai só jogar bola e a chuteira não parece ser assim uma coisa tão importante... Tem aquele que está sempre se esquivando para não pagar o jogo ou a mensalidade. Tem aquele que chega sempre em cima da hora e sai correndo apressado assim que termina o jogo. Tem aquele que se acha sempre perseguido pelas arbitragens, reclama de todas as marcações o tempo todo. Tem aquele que acha que o adversário é um inimigo feroz que precisa ser exterminado, e dê-lhe pontapés.

Aí você vai ver a vida dos caras fora do futebolzinho e vê que é a mesma coisa. O cara que é todo enrolado no futebolzinho é todo enrolado na vida. O cara que vai no campo errado porque não leu os e-mails com atenção faz a mesma coisa com os compromissos profissionais. O cara que se acha perseguido pelas arbitragens no campo é o mesmo que se acha perseguido pelo chefe no trabalho. Não adianta, ele se acha perseguido e pronto! Nada que se diga ou faça vai mudar isso na cabeça do cara. O cara que é apressado com o futebol (chega e sai rápido) é híper-apressado com todas as demais coisas da sua vida. O cara que se esquiva do pagamento do jogo é o mesmo que tenta levar vantagem em outras situações na sua vida. O cara que é um “mala” no futebolzinho certamente é um “container” nos outros momentos.

Enfim, a gente é o que é em todas as circunstâncias da vida. O futebolzinho é só mais uma vitrine onde expomos nosso jeito de ser e de encarar a vida. Se os profissionais de RH pudessem acompanhar o candidato a uma vaga de trabalho durante todas as etapas de uma pelada de sábado, essas observações certamente seriam decisivas no processo seletivo.

A minha dica final é: desempregados do futebolzinho de sábado, comportem-se! Pode ser que um recrutador esteja te observando.

Um abraço do Dr. I

Um comentário:

  1. Já conheci um empresário de Curitiba que antes de contratar um funcionário para um cargo chave da sua empresa, se soubesse que o cara jogasse futebol, primeiro o convidava para uma pelada. Muito legal o texto, é bem isso que acontece mesmo.
    Abraços.
    Emerson

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