Cultura e Impunidade

Se o texto da semana passada foi sobre sonhos, o desta semana é sobre realidade. Às vezes você não tem a impressão que os problemas do Brasil nunca serão resolvidos? São dois os principais problemas que temos por aqui, responsáveis por todos os demais: cultura e impunidade.

Vivemos num país em que o “jeitinho”, a “malandragem” e a necessidade de “levar vantagem em tudo” são aspectos culturais do nosso povo, são enaltecidos como “Patrimônio Nacional”, e estão presentes em todas as camadas da população. Ou você acha que aquele sujeito que leva duas malas como “bagagem de mão” no avião e ocupa o espaço que seria destinado às bagagens de mão de três passageiros não está tentando levar vantagem em cima de alguém? E o cara que mora em um belo apartamento e faz um “gato” para ter o sinal da TV a cabo? Ops, você leva duas malas como bagagem de mão? Tem NetGato? É o que eu digo, é a cultura do país...

E a impunidade então? O sujeito desvia verbas públicas, corrompe, faz e acontece na maior cara de pau e nada acontece com ele. Os alunos veteranos matam um novato num trote violento e nem julgamento há. Nem uma algemazinha a polícia consegue mais colocar nos bandidos, para não constrangê-los. E agora mais essa, enquanto tiver recurso pendente de julgamento, o sujeito pode ficar solto. É só ter um bom advogado que ninguém mais irá preso neste país.

Agora some as duas coisas, cultura e impunidade, e perceba como este país está ficando “bacana” de se viver.

Para tentar melhorar a situação e de alguma forma protestar contra isso tudo, estou levantando a bandeira da radicalização: Abaixo o jeitinho!!! Abaixo a malandragem!!! Abaixo a impunidade!!! Punam-se os Responsáveis!!! TODOS!!! Tolerância Zero!!!

Se o acidente de ônibus ocorreu por falta de manutenção nos pneus, puna-se o motorista que aceitou dirigir um ônibus em más condições, puna-se o encarregado de manutenção da empresa que permitiu que o ônibus rodasse sem condições e puna-se o dono da empresa, que reduziu a verba de manutenção para melhorar seus lucros.

Se a escola pública não tem professor, puna-se a diretora da escola se esta não fez a solicitação à tempo, puna-se o secretário de educação se este não autorizou o concurso a tempo, e puna-se o Governador, ou o prefeito, se este suspendeu o concurso para investir a verba em outras áreas.

Se o assalto aconteceu por falta de policiamento, puna-se o responsável pelo policiamento, o secretário que cortou a verba e até o Governador, que autorizou o corte da verba.

Pensando bem, melhor construir uns cinco mil presídios antes... E fazer os juízes entrarem na campanha...

Enquanto isso, tente se acostumar com a situação, pois as sugestões acima são utopias de um cara que acha que as pessoas têm que assumir suas responsabilidades e responder por elas. Ou a cultura e a impunidade vão liquidar de vez com este país.

Um abraço do Dr. I