sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Minha história de Natal

Todos os anos, próximo ao Natal, várias empresas fazem promoções e premiam as melhores histórias de Natal. Para 2010 já tenho uma que, tenho certeza, vai ser multi-premiada.

Começa na madrugada de 19 de dezembro de 2009, quando fortes dores e cólicas na região abdominal me levaram para a emergência do hospital. Como eu não estava entrando em trabalho de parto, o médico logo constatou a presença de um cálculo renal se movimentando pelo meu corpo. Fui sedado e liberado para acompanhar a saída da pedrinha de casa, com medicamento pesado para dor, e vida “normal”. O calculozinho renal é uma pedrinha que pode ter vários tamanhos. A minha tem 7 mm de diâmetro, uma graça. Imaginem uma pedrinha deste tamanho saindo por onde a gente faz xixi... Nossa, me arrepiei só de pensar... Nessas horas a gente se dá conta das vantagens de se ter um bilau grande, o que definitivamente não é o meu caso. Apesar do apelido carinhoso de “Colosso”, de colossal ele não tem nada...

No dia 22, no aeroporto de Campinas, retornando para Porto Alegre, as dores ficaram insuportáveis e tive que recorrer aos serviços médicos do aeroporto. Fui sedado novamente e despachado para Porto Alegre quando o sistema de som do aeroporto já chamava pelo meu nome para o embarque. Já em Porto, direto para o hospital, para só sair de lá seis dias depois, com duas cirurgias na tarde do dia 24, véspera do Natal. Juro, pensei que neste Natal eu ia fazer o papel do peru e morrer na véspera...

Nesses dias internados cheguei a desconfiar que posso ter sido um paciente meio estressado, principalmente durante a cirurgia de colocação de um cateter. Mas também gente, vamos combinar: quando te fazem furos nas costas e te enfiam um “cano” rim abaixo, praticamente sem anestesia, a vontade que a gente fica não é de levantar o moral das pessoas a sua volta. Não, definitivamente não. Confesso que, nos momentos de dor intensa e durante a cirurgia com a “anestesia vencendo”, deixei de lado a missão de inspirar e motivar pessoas e me dediquei à missão de “tentar parecer forte e racional”. Acho que não consegui... Quando terminou a tortura que os médicos chamam de colocação de cateter e pensei que estava tudo acabado, ouvi o médico dizer “agora só falta colocar a sonda”. Opa??? Sonda??? Pensei “o que será isso?” e quando já estava pensando “onde será que é colocada?” senti alguém pegando no “Colosso” e enfiando uma mangueira bexiga acima. Caraio!!!! Que dor!!! Fui desvirginado, sem aquele jantarzinho inicial básico e nem preliminares...

À propósito, vocês já repararam que coisa bacana é uma sala de cirurgia? Revestimento de azulejo branco nas paredes e cerâmica no piso, um balcão de inox no meio da sala onde a gente fica deitado para ser retalhado, muita luz em cima e uma temperatura de câmara frigorífica. Você chega, deita no balcão gelado e já vê logo aqueles açougueiros, digo, enfermeiros, todos de branco, com toucas e máscaras que só deixam os olhos de fora. Uma delícia de lugar. Muito relaxante e prazeroso. Nem faz você lembrar que dali à pouco vão te retalhar em cima do balcão de inox...

Enfim, Natal no hospital, mangueira bilau adentro, saquinho de xixi pendurado na cama ou na cintura em aprazíveis caminhadas pelos corredores do hospital, cano entre o rim e a bexiga, pedra entalada, tudo para um Natal dos sonhos.

Mas tudo sempre tem um lado bom, e este caso não foi diferente: a diurética cerveja está liberada e até recomendada pelo doutor.

Saúde!!!

Um abraço do Dr. I

2 comentários:

  1. Dri
    Parabéns pela recuperação apesar do teu sofrimento.
    Cara tu tens que mudar de profissão de motivador para escritor Vá escrever bem assim na zero hora, aliás não ficas devendo nada ao Santana
    Nivaldo Scotti

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  2. É Dri, por mais q falemos em controlar todos aspectos de nossas vidas, o acaso tem um peso forte, em determinadas fases mais forte que a intencionalidade de nossos atos. Felizmente tudo acabou bem (aliás melhor, poder tomar cerveja sob orientação médica...não dá nem prá esposa pegar no pé.
    Bom 2010 e parabéns pelo texto, apesar de relatar algo delicado, ficou bastante bem humorado, ri bastante de seu desarranjo, sabendo q o final da história seria feliz.
    Abraços.

    Claudio Caccioli (ex NET Campinas)

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